Florestas ribeirinhas
As florestas ribeirinhas (ripícolas ou ripárias) também designadas por bosques ribeirinhos ou galerias ribeirinhas são componentes fundamentais da paisagem fluvial. Estes corredores ripícolas situam-se na interface do meio aquático-terrestre (zona ripária ou ripícola).
As galerias ribeirinhas são formadas por uma variedade de árvores que não é aleatória. Os diferentes regimes fluviais e a morfologia dos fundos de vale originam diferentes tipos de bosques/galerias ribeirinhas. O gradiente originado por esses fatores origina séries de vegetação diferentes, cada uma delas constituída pelas comunidades que compõe, em cada ponto, a sucessão ecológica.
A flora lenhosa ribeirinha que ocorre nos nossos cursos de agua conta com mais de uma centena de espécies sendo, no entanto, apenas cerca de vinte as frequentes e dominantes na paisagem fluvial. O estrato arbóreo dominante de ecossistemas ribeirinhos com boa integridade ecológica está dominado por amieiros, salgueiros e freixos.
Em linhas de água de caráter permanente, ou torrencial, mas com pouca estiagem, estabelecem-se bosques caducifólios, como os freixiais, amiais, olmedos e vidoais, estes últimos em locais de maior longitude e/ou altitude. Dominam nestas formações, respetivamente, o freixo, o amieiro, os ulmeiros (Ulmus spp.) e a bétula (Betula celtiberica). São também frequentes salgueirais arbóreo-arbustivos, constituídos por varias espécies de salgueiros, como a borrazeira-negra (Salix atrocinerea), a borrazeira-branca (Salix salviifolia), o salgueiro-branco (Salix alba), entre outros.
Estes bosques fazem-se acompanhar por espécies arbóreas e arbustivas como o sanguinho-de-agua (Frangula alnus), o pilriteiro (Crataegus monogyna), o sabugueiro (Sambucus nigra), a aveleira-brava (Corylus avellana), o lodão (Celtis australis), os choupos (Populus spp.), as urzes (Erica spp.), entre outras. Merece ainda destaque as trepadeiras lenhosas, caso de silvas (Rubus spp.), heras (Hedera spp.) e a videira-selvagem (Vitis vinifera subsp. sylvestris) bem como trepadeiras herbáceas como as madressilvas (Lonicera spp.) ou a doce-amarga (Solanum dulcamara).
Corredores ecológicos
As florestas ribeirinhas são corredores ecológicos que albergam elevada biodiversidade, promovendo funções diversificadas como:
- Sistema físico tampão de proteção contra a erosão e cheias.
- Importante filtro biológico para poluentes e nutrientes provenientes das zonas agrícolas contíguas.
- Cedência de materiais e energia para o funcionamento do ecossistema fluvial
- Habitat de organismos aquáticos e ribeirinhos e outros.
- Poderem proporcionar retorno económico pela produção de bens (por exemplo, madeira, plantas aromáticas ou com propriedades medicinais).
- Oferecem outros valores cénico-paisagísticos, recreativos, patrimoniais e culturais.
Aguiar et al. (2019)